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Alfabetização Matemática

Articulador:

Luís Augusto Franco de Moraes

A Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento é entendida como um instrumento para leitura do mundo, uma perspectiva que supera a simples decodificação dos números e a resolução das quatro operações básicas.

Não podemos ter a ilusão que seja fácil ou tranquilo apresentar o que venha a ser aceito como “Educação Matemática”.

O que podemos dizer é que ela é uma área de pesquisa embasada nas práticas de sala de aula, onde os números e o sistema de numeração decimal são fundamentais, mas não os únicos aspectos que devem ser abordados com os alunos.

Em geral, o dia a dia dos alunos é rico de situações de natureza matemática, com grande potencial de provocar o pensamento e o raciocínio.

Aproveitar as curiosidades dos alunos e explorar situações e contextos problematizáveis é uma das tarefas da didática da matemática, partindo da sua cultura e das histórias de vida, das experiências e conhecimentos prévios das crianças.

Assim, a Alfabetização Matemática, deve ser entendida como a possibilidade de desenvolver nos alunos seu potencial de raciocínio e aprendizagem através da interação e diálogo, socialização de descobertas, trabalhando em pequenos grupos colaborativos, discutindo e explicando aos outros suas descobertas.

Aqui, vamos apresentar algumas possibilidades, através da disponibilização de materiais, vídeos e leitura deleite, que poderão ser úteis na elaboração de seus materiais.

A imagem ao centro tem quatro livros empilhados, com capas rosa, azul, laranja e roxo. Um menino está sentado no topo da pilha de livros com um notebook aberto no colo. À esquerda da pilha de livros está um menino em pé, ilhando por uma luneta, à direita em pé está uma menina com um envelope nas mãos. Ao fundo da pila de livros aparecem arbustos/folhas em tons de laranja, amarelo e verde claro. O fundo é azul claro, na parte superior há nuvens brancas.

A BNCC (Base Nacional Comun Curricular) propõe cinco unidades temáticas, correlacionadas, que orientam a formulação de habilidades a serem desenvolvidas durante o ensino fundamental.

         Os conteúdos aparecem organizados em blocos, diferentemente do modo tradicional:

  • Números 

  • Álgebra

  • Geometria

  • Grandezas e medidas

  • Probabilidade e Estatística

 

Dentro de cada uma dessas unidades temáticas existem diversas habilidades que norteiam o ensino de matemática durante todo Ensino básico, com o objetivo de facilitar o trabalho do professor na busca de atividades que contemplem essas habilidades. Abaixo colocamos um sugestão de site que poderá auxiliar nessa busca.

Assim, a BNCC apresenta oito competências específicas de matemática para o ensino fundamental:

1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, fruto das necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e para alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos no mundo do trabalho.

2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacidade de produzir argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no mundo.

3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos dos diferentes campos da Matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e de outras áreas do conhecimento, sentindo segurança quanto à própria capacidade de construir e aplicar conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca de soluções.

4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo a investigar, organizar, representar e comunicar informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente, produzindo argumentos convincentes.

5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de conhecimento, validando estratégias e resultados.

6. Enfrentar situações-problema em múltiplos contextos, incluindo-se situações imaginadas, não diretamente relacionadas com o aspecto prático-utilitário, expressar suas respostas e sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens (gráficos, tabelas, esquemas, além de texto escrito na língua materna e outras linguagens para descrever algoritmos, como fluxogramas, e dados).

7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.

8. Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente no planejamento e desenvolvimento de pesquisas para responder a questionamentos e na busca de soluções para problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.

Para Beatriz Vichessi, na edicão 321/Abril/2019 da Nova Escola, “Letramento Matemático leva os alunos para além dos cálculos”. Esse jeito de enxergar e ensinar a disciplina, com todos esses objetivos, soa familiar? De fato, o letramento matemático não é uma novidade e tem tudo a ver com o que Constance Kamii, Guy Brousseau, Susana Wolman e outros estudiosos da didática da área defendem há tempos: o saber matemático vai muito além do cálculo e está diretamente relacionado à construção do raciocínio e à argumentação. A ideia de letramento, porém, não aparecia com esse nome em documentos oficiais, como os Parâmetros Nacionais Curriculares (PCNs), antes eram usados termos como numeramento, numeracia ou alfabetização matemática. 

Imagem de uma árvore com tronco e galhos em preto, no lugar das folhas estão distribuídos diferentes números do 0 ao 9, coloridos  nas cores azul, rosa, roxo, verde, laranja e também diferentes símbolos como ponto, dois pontos, igual, raiz, parênteses, porcentagem, delta, cifrão. A árvore está em primeiro plano e o fundo da imagem é em tom de verde claro.

Formar alunos letrados em Matemática tem a ver com incentivá-los a estar em ação durante a aula, a interagir com colegas e elaborar conjecturas e hipóteses, além de usar os números para alcançar respostas significativas para formular conceitos e participar de correções coletivas em que se discutem os resultados. 

Na Educação Infantil, as crianças da pré-escola também já devem trabalhar com problemas matemáticos. Mesmo ainda sem saber a sequência numérica de cor ou escrever os algarismos de modo convencional. Brincadeiras, jogos e questões cotidianas podem ser usados para fazer os pequenos se envolverem com a Matemática. Como dividir os blocos de montar da sala, de modo que todos recebam a mesma quantidade? Esse é um exemplo de uma das situações que podem ser propostas a eles. O objetivo não é que o grupo chegue à resposta certa, mas que se envolva com modos de resolver o desafio.

É trabalhando com a linguagem e o jeito de fazer matemática que as crianças aprendem a trabalhar tal como os matemáticos, indo além da repetição de conteúdos, abaixo observamos a Teoria das Situações Didáticas formulada por Guy Brousseau. Com isso, têm chance de conquistar, de verdade, o letramento matemático para fazer uso dele pelo resto da vida, dando utilidade ao que é, aprendido na escola.

Teorias das Situações Didáticas

A proposta de Guy Brousseau é de que, na escola, o professor ensine dando condições aos estudantes para construírem o conhecimento.

 

      1º - Desafiar os alunos a tomar decisões, de modo que formulem ideias;

 

      2º-  Fazer com que eles coloquem essas decisões em jogo, de modo a prová-las;

 

      3º - Organizar debates para que o grupo discuta estratégias de resolução: quais são mais adequadas?

Leitura Deleite

A leitura deleite procura mostrar as diversas possibilidades do uso do círculo, além de despertar a criatividade.

Sugestões de Leituras

KAMII, C. A criança e o número: implicações educacionais da teoria de Piaget para atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. 4.ed. Campinas: Papirus, 1986

Mesmo após 25 anos da publicação da primeira edição de A Criança e o Número (128 págs., Ed. Papirus, tel. 19/3272-4500, 30,90 reais), algumas questões levantadas pela autora, Constance Kamii, permanecem atuais e devem ser estudadas pelos educadores que trabalham com a Educação Infantil. O livro aborda os processos envolvidos na construção do conceito de número pelas crianças e ajuda o professor a observar como elas pensam a fim de entender a lógica existente nos erros.

MUNIZ, C. A. Brincar e Jogar: enlaces teóricos e metodológicos no campo da educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

Para o autor Cristiano A. Muniz existe uma representação social da ligação entre o jogo espontâneo e a aprendizagem matemática que se vê marcada por uma dicotomia, qual seja, a de que a aprendizagem matemática liga-se ao trabalho enquanto que o jogo não é considerado um espaço para a Matemática. Para Muniz, a atividade matemática é, na visão infantil, sobretudo, ligada a contextos didáticos e a aprendizagem matemática à situação controlada por um adulto, por um professor.

Sugestão de artigo: Alfabetização Matemática: Implicações Pedagógicas, de autoria de José Carlos Miguel.                                     

Sugestões de Vídeos

REFERÊNCIAS

  

BRASIL, Ministério da Educação - Secretaria da Educação Básica. Elementos conceituais e metodológicos para definição dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento do ciclo de alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do ensino fundamental. Brasília, 2012.

 

BRASIL, Ministério da Educação - Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf. Acesso em: 22 de abril de 2020.

 

BROSSEAU, Guy. Introdução ao Estudo das Situações Didáticas - Conteúdos e Métodos de Ensino. Editora Ática, 2008.

KAMII, C. A criança e o número: implicações educacionais da teoria de Piaget para atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. 4.ed. Campinas: Papirus, 1986

 

MUNIZ, C. A. Brincar e Jogar: enlaces teóricos e metodológicos no campo da educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

O Professor Luís Augusto Franco de Moraes é Articulador do Programa Municipal de Leitura e Alfabetização (PROMLA) e Diretor da EMEI Glaci Corrêa da Silva.

Publicado em 26/06/2020

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