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Multiletramento Digital

Tascieli Feltrin

Vamos conversar um pouco sobre a relação que se estabelece no contemporâneo entre os termos educação, multiletramento, tecnologia e metodologias ativas?

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A perspectiva de trabalho pedagógico com Multiletramento Digital está assentada na valorização da linguagem e das práticas discursivas do cotidiano do estudante, pensando em seu protagonismo diante de situações práticas que permeiam sua vida e constituem seu repertório linguístico e de conhecimentos. O Multiletramento Digital conversa muito bem com as atividades que se utilizam de Metodologias Ativas e com o desenvolvimento de práticas inovadoras em educação, pois permitem trazer à sala de aula cenas e situações cotidianas dos estudantes, sendo assim ferramenta de autonomia social.

 Assim, chegamos a duas constatações:

  • O multiletramento digital não ocorre apenas pela utilização de tecnologias digitais em sala de aula. É necessário que a proposta tenha a clara intenção de instrumentalizar aos estudantes para serem letrados e proficientes diante de uma situação de seu cotidiano, como por exemplo: conhecer a etiqueta de uso da ferramenta e-mail, realizar operações bancárias, ou ler um mapa interativo sobre a disseminação do Covid-19.

 

  • O multiletramento não está focado no letramento escolar, ou seja, o emprego das tecnologias, metodologias ativas não está direcionado às práticas de leitura, escrita e produção textual tradicionais, como as conhecemos, mas sim na produção de sentido, na compreensão crítica e fluência em outras práticas de leitura do cotidiano e do mundo em que o estudante produz conteúdo e significados, como: Nas Redes sociais WhatsApp, Instagram e Facebook, em que cria Memes e posts sobre o que vive e sente; Youtube onde  consome  e produz vídeos, músicas, beats, etc.

 

O Multiletramento utiliza-se das ferramentas digitais como aplicativos, softwares, sites e programas de criação e compartilhamento de informações e conteúdos em meio digital como recurso didático-pedagógico no processo de construção do conhecimento. Isso se dá pelo entendimento de que as práticas de letramento devem acompanhar as práticas culturais e comunicativas que se estabelecem no contemporâneo com o avanço da globalização e das tecnologias da comunicação.

 A abordagem multiletrada sugere uma pedagogia para a cidadania ativa, centrada nos estudantes como agentes em seus próprios processos de conhecimento, capaz de contribuir com os seus próprios saberes, bem como negociar as diferenças entre uma comunidade e a próxima. [...] Estamos no meio de uma profunda mudança no equilíbrio da sociedade, em que, como trabalhadores, cidadãos e pessoas, somos cada vez mais obrigados a sermos usuários, jogadores, criadores e consumidores mais exigentes do que espectadores, delegados, público ou consumidores de uma modernidade anterior. (COPE; KALANTZIS, 2009, p. 172-173 apud BATISTA, 2019, p. 56)

 

Observe a imagem a seguir e vamos refletir sobre como ela se encaixa no que estamos conversando.

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A imagem acima nos permite pensar sobre as tecnologias na vida educacional dos estudantes. Sem nenhum tipo de trabalho educacional sobre a utilização das ferramentas tecnológicas e sobre o conhecimento disponível na rede, o estudante passa a ser um replicador do conteúdo e das ideias ali disponibilizadas, aquele famoso copia e cola que não oferece nenhuma oportunidade de reflexão, nem autonomia. É uma falsa sensação de saber algo sobre o qual não se tem nenhum conhecimento. Esse é, inclusive, um dos argumentos utilizados por muitos educadores que se opõem ao uso das ferramentas digitais.

Mas vamos pensar em uma perspectiva educacional o uso das ferramentas digitais. Nossa função, enquanto educadores, não é justamente auxiliar aos estudantes nesse processo de conhecer o mundo? Então negar a existência desse repositório de saberes chamado internet não é o caminho, mas sim possibilitar aos estudantes conhecer esse universo, entender como criar e utilizar sabiamente as ferramentas e Apps, ou seja, ir criando um repertório de conhecimentos sobre as tecnologias que os permitam escolher como e quando se utilizar delas em seu cotidiano.

Assim, a charge acima se relaciona diretamente ao Multiletramento Digital como possibilidade de ser ferramenta de autonomia social, pois ao adquirir proficiência no uso das tecnologias, e ferramentas digitais o estudante se liberta da necessidade de copiar e colar e, passa a ser produtor de conteúdos sejam eles áudios, vídeos, imagens, memes, charges ou mesmo sites, blogs, aplicativos, plataformas de jogos, etc.

Em outras palavras ao desenvolver atividades e situações que se utilizem das variadas formas de linguagem e comunicação dentro das tecnologias estamos formando estudantes críticos e protagonistas em seu uso cotidiano.  

Caso deseje conhecer mais profundamente sobre o tema, deixo algumas indicações:

Pedagogia dos Multiletramentos - Parte 1

Pedagogia dos Multiletramentos – Parte 2

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Livro: Multiletramentos na Escola

Organizadores: Roxane Rojo e Eduardo Moura

Obs.: Este livro faz parte das bibliotecas das escolas municipais.

Referências Bibliográficas

COPE, B; KALANTZIS, M. A Pedagogy of Multiliteracies: Learning By Design. London: Palgrave, 2015 Apud BATISTA, N, L. Cartografia Escolar, Multimodalidade E Multiletramentos para o Ensino de Geografia na Contemporaneidade. Tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), 2019.

 

ROJO, R. H. R. (Org.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012.

A Professora Tascieli Feltrin é Doutoranda em Educação PPGE / UFSM, Mestra em Educação, Especialista em Gestão Escolar e Graduada em Letras Português/ Espanhol e respectivas literaturas.

É Professora da Rede Municipal de Santa Maria atuando nas escolas Hylda Vasconcellos e Espaço Conexão de Saberes (Tecnoparque)

Também é tutora do Curso de Letras/Literatura EAD, UAB/UFSM e atua como revisora ortográfica.

Publicado em 18/05/2020

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