Tecnologias Digitais para a Aprendizagem
Leandro Marcos Lassen
Levando em consideração que a maioria dos alunos atualmente cursando o ensino básico são considerados “nativos digitais” (Prensky, 2001) e passam boa parte do tempo conectados às redes sociais e utilizando a tecnologia para diversos fins, é natural que se queira utilizar as facilidades digitais em sala de aula. Gomes Jr. & Silva (2016), citando Reich & Daccord (2008), elencam algumas razões para utilizarmos as novas tecnologias digitais, doravante NTIC (Novas Tecnologias Da Informação e Comunicação), em nossas salas de aula:
(a) elas nos ajudam a tornar os alunos cientes de suas responsabilidades enquanto aprendizes, pois permitem que eles ensinem uns aos outros e se comuniquem com o mundo extrassala;
(b) permitem que os alunos interajam com a informação de diversas maneiras – assistindo, ouvindo, lendo, escrevendo, falando, criando;
(c) permitem o acesso a documentos, imagens, ideias, sons e pessoas de todos os cantos do mundo;
(d) podem facilitar nossa vida se escolhermos as tecnologias adequadas para necessidades e contextos específicos.
(GOMES JR. & SILVA, 2016, p. 146)
De acordo com os autores, há o incentivo e a cobrança de que se usem as NTIC em sala de aula, no entanto, “é imprescindível estarmos cientes e seguros dos propósitos pedagógicos, linguísticos e educacionais de tal integração, ou podemos cair na armadilha de utilizar a tecnologia apenas como pretexto, sem observar sua relevância e seus porquês” (GOMES JR. & SILVA, 2016, p. 146-147).
Em certos contextos, como nos Estados Unidos, se discute o ensino híbrido, com parte do ensino online (HORN & STAKER, 2014). Tal uso era considerado inviável para a maioria dos contextos brasileiros atuais antes da situação de pandemia de COVID-19, devido às limitações óbvias de acesso à tecnologia por boa parte da população e das escolas públicas. Todavia, devemos buscar maneiras de aumentar o engajamento estudantil e as tecnologias podem ajudar nisso.
É nesse sentido que devemos buscar a incorporação das ferramentas das NTIC, para criar um ambiente mais convidativo ao aluno. Quando a aula é centralizada no professor, geralmente apenas os alunos com maior conhecimento se destacam em testes. O uso de NTIC abre a possibilidade para que os demais alunos possam participar mais efetivamente das aulas, procurando se envolver e aprender com colegas e professores. Há muito que pode ser feito utilizando as NTIC disponíveis nas escolas e os dispositivos aos quais os alunos têm acesso. Na sequência serão listadas algumas ferramentas: Google Drive, Kahoot, Voki, YouTube e QR Code.
O Google Drive permite a armazenagem e o compartilhamento de arquivos através de links. Isso é muito importante para compartilhar material que não ocupará espaço de memória nos dispositivos dos estudantes, até podendo oferecer um novo espaço de armazenamento para eles, já que basta ter uma conta no Gmail para ter acesso a 15 GB de armazenamento na nuvem. O Drive também permite a criação de pesquisas e formulários que podem ser compartilhados online, tornando esse aplicativo um modo rápido e prático de coletar informações e até fazer testes com correção e feedback automático.
O site kahoot.com permite a criação de Quizzes interativos. Com uma conta, o professor consegue criar questionários de múltipla escolha e compartilhá-los com os alunos, que respondem ao Quiz na tela de seus celulares ou tablets. Também pode ser utilizado pelos alunos para serem autores e criarem seus próprios questionários. Além do uso em sala de aula ou videoconferência, pode ser utilizado para acesso em casa através da ferramenta “challenge” (desafio). O site está em inglês, o que pode ser usado como interdisciplinaridade com a disciplina de língua estrangeira, também é intuitivo e de fácil uso. Para a criação dos questionários, deve ser acessado o site www.create.kahoot.it e preencher um cadastro.

Fonte: www.create.kahoot.it
O site www.voki.com permite a criação de avatares (representações digitais do autor ou de personagens: históricos, animados, etc.). Após a escolha e caracterização da imagem, o aluno deve inserir um texto que é lido por um leitor virtual (várias vozes e idiomas estão disponíveis) ou gravar um áudio com o auxílio de um microfone/telefone. É uma alternativa de apresentação para alunos que se recusam a apresentar oralmente um trabalho, além de poder ser usado para trabalhar com a pontuação, uma vez que o leitor virtual respeita os sinais de pontuação presentes no texto. Veja o exemplo abaixo, você pode acessá-lo pelo link ou pelo código QR com seu celular:


Fonte: www.voki.com
Não podemos esquecer do site www.youtube.com, que existe desde 2005 e é a maior plataforma de vídeos da atualidade. Muitos alunos não apenas assistem a vídeos no YouTube, mas também gravam seus próprios vídeos e têm canais próprios. Dessa forma, o professor tanto pode gravar e compartilhar materiais quanto orientar a produção dos alunos sobre conteúdos específicos.
QR-CODE GENERATOR / QR-CODE READER - Os códigos QR (Quick Response) são utilizados para acesso rápido a arquivos armazenados na rede. Há vários sites para a criação destes códigos, dentre eles o www.qr-code-generator.com, o qual transforma qualquer endereço eletrônico em código QR de forma gratuita e simples. Alguns celulares e tablets já possuem um aplicativo de leitura desses códigos, mas na maioria dos casos é necessário instalar um aplicativo. Isso deve ser feito para que todos tenham acesso às atividades online. O objetivo de uso dos códigos QR é facilitar o acesso às atividades online, já que muitas vezes os endereços são longas combinações de números e letras (maiúsculas e minúsculas), e qualquer erro de digitação impossibilita o acesso.

Fonte: www.qr-code-generator.com
Referências
GARCIA, Simone C. Objetos de aprendizagem no ensino de línguas: uma experiência com base na teoria da Histórico-cultural. In: VETROMILLE-CASTRO, R.; HEEMANN, C.; FIALHO, V. R. (Orgs.). Aprendizagem de Línguas - a Presença na Ausência: CALL, Atividade e Complexidade. Pelotas: Educat. 2012. p. 180-208.
GOMES JR, R. C.; SILVA, L. de O. Tecnologias digitais na aula de inglês. In: CUNHA, A. G. da; MICCOLI, L (org.). Faça a diferença: ensinar línguas estrangeiras na educação básica. São Paulo: Parábola Editorial, 2016.
HORN, M; STAKER, H. Blended: Using Disruptive Innovation to Improve Schools. San Francisco, Jossey-Bass, 1a ed., 2014
PRENSKY, M. Digital Natives Digital Immigrants. 2001. Disponível em http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20-%20Digital%20Natives,%20D
igital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf
Acesso em07/09/16
O Professor Leandro Marcos Lassen é Mestre em Ensino de Línguas – UNIPAMPA (Bagé) - 2017 e graduado em Letras Português-Inglês (UFSM) – 2007.
É Professor de Inglês da E.M.E.F. João da Maia Braga e do Programa Conexão de Saberes (Tecnoparque) e da Faculdade Antonio Meneghetti.
E-mail para contato: leandrolassen@gmail.com
Publicado em 09/09/2020